- Duduu, vem cá! Duduu, não faz isso! Duduu, não “seje” teimoso! Duduu, não!
O ”Dudu” em questão é um bebê de 1 ano. A dona das exclamações é sua mãe, de 19 anos (mentalmente aparenta ter 10). Mais uma mãe despreparada para ter e cuidar de um filho.
Dia desses Dudu estava chorando e babando na cozinha. É normal bebês de um ano chorarem e babarem, pelo menos é o que tenho visto por aí. Sua mãe, que chamaremos daqui por diante de “a doida”, estava fazendo faxina na mesma cozinha e, após insistentes pedidos para que fosse atender o pequeno e ver qual o motivo do choro, ela, ao constatar a profusão de baba na boca do bebê, pegou sem constrangimento o pano de pia para limpar-lhe a pequena boca. A patroa, quando soube, deu uns gritos e repreendeu inconformada:
- Não se pega pano de pia para limpar a boca da criança! Você é doida?
A outra, agora constrangida:
- Ah não? É que na hora eu nem pensei, só queria limpar ele, pra parar de chorar. Esse menino chora demais.
- E vai chorar mais ainda se pegar uma doença desse pano nojento de pia! Onde já se viu?
Mas “a doida” era resistente à lógica das coisas e às noções mais básicas de higiene. Noutra ocasião Dudu estava mexendo n balde de água suja, no qual estava o pano de chão que ela tinha acabado de usar pra passar na casa toda. Depois Dudu pegou a mania de mexer na lata de lixo, que posteriormente foi tirada de seu alcance, não por iniciativa da mãe, mas da patroa, que ficava cada dia mais horrorizada com a incompetência da menina para cuidar do próprio filho.
- Duduu, não teime comigo! Eu mandei você ficar lá dentro, não mandei?
Depois de escutar algumas vezes ela falar assim com o pequeno, não me agüentei e resolvi dar uma dica.
- Fulana, Dudu entende isso que você está dizendo tão bem quanto os cachorros aí do canil. Ele não sabe distinguir as palavras ainda, nem sabe o significa ser teimoso. Aliás, com um ano ele basicamente entende as palavras “sim”, “não” e o tom da sua voz. Ele não vai adivinhar o que você está querendo dizer, nem o que é perigoso para ele. Você é que tem que ficar de olho e não deixar as coisas perigosas ao alcance dele.
- É, né? Eu vou fazer isso então.
Fazia naquele instante, depois não fazia mais. Era incrível a facilidade que “a doida” tinha de se distrair e deixar o filho aos cuidados do destino.
Com a piscina, então, nem é bom lembrar. Nosso maior medo era chegar lá qualquer hora e deparar com um pequeno cadáver boiando. O fogão era outro grande motivo de estresse, já que Dudu escapou várias vezes por um fio de fritar as mãozinhas na porta do forno. E com “a doida” cozinhando ali.
Eu apóio campanhas de planejamento familiar. Apóia todo método contraceptivo que seja oferecido legalmente e livremente pelo governo e pela medicina particular. Acredito com todas as forças que não se deve colocar uma criança no mundo sem que se esteja preparado(a) para cuidar dela.
Ter filhos não é uma obrigação, como ainda querem acreditar os de mente menos desenvolvida e algumas correntes religiosas. Ter filhos, hoje em dia, pode e deve ser uma opção consciente e racional, levando-se em conta todos os fatores inerentes à criação e desenvolvimento de um novo ser humano.
Imagino quantos “Dudus” por esse mundo a fora devam sofrer pela incompetência de mães sem o mínimo preparo e/ou vontade de criá-los.
Deus proteja os “Dudus”.
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