sexta-feira, 2 de maio de 2008

Vendendo e carregando

Hoje não ia ter post. Por conta de alguns compromissos e preocupações, eu não estava conseguindo pensar em nada especial para escrever. Mas mudei de idéia. Só o trabalho que estou tendo para vender meu microondas já vale algumas linhas escritas.
Coloquei anúncio no Jornal do Comércio de Recife, para sair no domingo passado. O anúncio foi publicado no jornal impresso na seção de eletrodomésticos, como eu havia contratado, mas na versão online saiu na seção de imóveis. Infelizmente não deu retorno. Ah, além de não dar retorno foi caro, R$8,64 por um anúncio simples de duas linhas. O anúncio mais caro que já paguei em jornal até hoje.
Já diziam os mais velhos e a sabedoria popular repete: o que funciona é o anúncio boca-a-boca. Tive mais retorno dos amigos que espalharam a notícia da venda do que do famoso jornal pernambucano. Mas ataquei também em outra frente, a “onipresente” internet.
Coloquei anúncio no Mercado Livre e em quatro dias já houve cem visualizações, com três compradores interessados. Quase fechei negócio com um, mas acabamos nos desencontrando por causa de horários. O importante é que o microondas está praticamente vendido, se não para o interessado 1, para o 2, o 3 ou o 4.
De agora em diante chega de anúncios em jornal. Acho que só vale a pena se for algo mais segmentado, como anunciar um carro, um imóvel ou um barco. Vender aparelhos e miudezas tem que ser pela internet e no boca-a-boca com os conhecidos.
Acho que vale a pena comentar outro episódio pitoresco, acontecido esta semana. Preciso devolver alguns móveis que um amigo me emprestou e fui atrás de alguém que fizesse carreto. Minha idéia era encontrar uma Kombi, já que não seria muita coisa a transportar. Perto de casa tem uma banca de jornal e fui até lá perguntar se o dono conhecia alguém para indicar. Apontou uma casa no meio do quarteirão, com um caminhão Mercedes parado em frente, desses de caçamba de madeira, clássico. Disse a ela que era exagero alugar um caminhão, pois o que eu queria transportar cabia numa Kombi e sobrava muito espaço. Além disso, o preço seria caro, com certeza. Como ele insistiu, pensei que não custava nada ir lá perguntar.
Fui até a casa, toquei a campainha e um homem de mais ou menos quarenta anos atendeu. Acho que interrompi a happy hour dele, pois estava com um copo de cerveja na mão.
- Há, com licença, amigo. O rapaz da banca de jornal me disse que o senhor faz carreto. Eu preciso transportar alguns móveis até próximo o terminal de ônibus lá em Massangana. Mas esse caminhão é um exagero para o que eu preciso, o senhor tem uma caminhonete ou uma perua?
- Oi, peraí. Marquinho! – chamou lá para dentro e um rapaz que parecia ser seu filho apareceu.
- Pois não, amigo.
- O caminhão é dele, fale com ele aqui – disse o mais velho.
- Oi Marcos, é o seguinte, preciso levar alguns móveis até próximo do terminal de ônibus, lá em Massangana. Você tem uma caminhonete ou Kombi? Esse caminhão é exagero pra levar tão pouca coisa.
- Mas a gente faz, não tem problema. Inclusive o caminhão é mais barato que uma perua, porque o diesel custa menos.
- Certo, e quanto fica uma viagem até lá?
- Deixa ver, é perto lá do terminal né? Dá pra fazer por cem reais.
- Vixe, sem condições. Eu posso gastar no máximo trinta com esse transporte. Acho que vou procurar uma perua mais ali pra frente.
- lha, dá pra fazer por sessenta, o que você acha?
Nisso o mais velho, que era irmão do Marcos, interrompe e diz:
- Veja, você vai precisar de um motorista e dois ajudantes. A gente faz o seguinte, você dá cento e cinqüenta e fica sossegado, não precisa carregar nada.
- Oxi! Eu acabei de dizer que podia gastar no máximo trinta com o transporte, amigo. Cento e cinqüenta nem em sonho. Nem cem nem sessenta. Eu sabia que o caminhão não daria certo. É muita coisa pra o que eu preciso.
Depois de mais algumas negociações, o mais velho falou:
- Trinta e cinco pra fechar! Em nome de Jesus! Nem eu perco nem você perde.
Foi a deixa para acender a luz de alerta na minha cabeça. Imaginem um cara que começa pedindo cem, baixa pra sessenta, sobre pra cento e cinqüenta e acaba “deixando” por trinta e cinco. Percebi que não seria bom negócio e tratei de sair dali o quanto antes.
Três quarteirões adiante encontrei um senhor, seu “Zé da Kombi”. Fechamos em vinte e cinco reais. Agora é só esperar o domingo para fazer o transporte.
Bem pitoresco, não acharam?

Nenhum comentário: