segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dengue

Pensei em vários temas leves e pitorescos para a crônica de hoje, mas a “onipresente” dengue atrapalhou o desenvolvimento de outras idéias mais agradáveis.

Não, não estou com dengue, longe disso! Mas durante as últimas duas semanas, os dois temas que têm dominado o noticiário nacional (pelo menos do ponto de vista de quem está aqui em Recife) são a dengue e o assassinato da menina Isabela. Recuso-me a comentar sobre o assassinato da garotinha, por isso sobrou a dengue.

Na frente da casa de um amigo tem um terreno baldio que ocupa meio quarteirão. Ninguém limpa o tal terreno, ninguém se manifesta pra retirar mato ou entulho ali jogado. Pensávamos que o terreno pertencesse ao município, o que explicaria em grande parte a omissão. Dias atrás descobrimos que o terreno pertence a um juiz. Sim, um juiz, de qual instância, vara ou alçada não sei, mas sei que é um juiz.

Que o poder público, geralmente lerdo e omisso em suas obrigações não tomasse providências, entendo. Que um ignorante sem iniciativa fosse dono da área, possivelmente herdada de um parente distante, também entenderia. Mas uma pessoa com estudo, com um cargo de tamanha responsabilidade ética e moral, deixar abandonada uma área que só tem servido para a proliferação dos mosquitos transmissores da maldita dengue eu não entendo não. Acho que ninguém entenderia.

O que eu gostaria mesmo é de mandar para esse juiz estúpido uma caixinha contendo alguns mosquitos infectados com dengue, para que lhe dessem uma bela lição, que ele sentiria na pele, literalmente. Acham que é exagero da minha parte? Que seja. Deixo essa coisa de politicamente correto para os aloprados e idealistas de botequim. Do jeito que a coisa está, os bons pensamentos tornaram-se escassos. Deixo-os para quem os mereça.

Nunca peguei dengue, mas já conheci quem pegou, e é tão horrível quanto dizem por aí. A pessoa fica “podre”, dolorida, sem vontade de fazer nada. Eu ficava assim durante as grandes crises de gripe, quando minha sinusite atacava e me deixava de molho por uns três dias. Na pior crise fiquei cinco dias de cama, à base de chá de alho com limão, mel e analgésicos.

Na minha casa não tem focos de dengue. Não deixo água parada em lugar nenhum e o apartamento, por ser pequeno, é fácil de cuidar. Mosquitos por lá há muitos, até porque tem três terrenos baldios por perto. À noite mando brasa com inseticida, mato tudo que se mexa ou esteja voando dentro de casa. De vez em quando consigo matar no tapa as muriçocas e pernilongos, mas devido à miopia e astigmatismo, mato muito mais com veneno.

Falando em veneno, assisti ontem no programa do Faustão (argh!) um raro momento de utilidade pública, quando um médico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) explicou, entre outras coisas, que o uso constante de repelentes pode causar intoxicação nas pessoas. Quer dizer, não caia na ilusão de ficar se besuntando com repelente e achar que não precisa destruir as larvas e mosquitos.

Todo mundo tem que fazer sua parte, nem que seja para denunciar o vizinho por omissão. Em época de epidemia a política da boa vizinhança tem que ser deixada de lado. E o juiz está na minha mira.

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