quarta-feira, 16 de abril de 2008

Os Retornos

“Voar, voar, subir, subir...” Começa assim a música “Sonho de Ícaro”, provavelmente o maior sucesso do cantor Biafra. “Eu perguntava do you wanna dance; E te abraçava do you wanna dance...” Essa, do Roupa Nova, também tocou até dizer chega, nos anos 80. Lá vai mais uma: “Menina veneno, o mundo é pequeno demais pra nós dois...”

Eu poderia encher várias páginas com músicas que marcaram os anos 80, tanto nacionais quanto internacionais, mas seria perda de tempo, porque elas continuam tocando em rádios do Brasil inteiro. Há pouco tempo finalmente percebi como funciona essa coisa de “revival”, ou retorno de modismos do passado. Basicamente tudo que fizer sucesso nesta década será “revivido” daqui a duas décadas, ou seja, entre 2020 e 2030. E por que esse intervalo de vinte anos? Para dar tempo de os garotos tornarem-se homens, terem filhos, e começarem a ter crises de nostalgia das suas épocas de adolescência. Vamos analisar um pouco.

Na década de noventa tivemos um “revival” dos anos 70. Nesta primeira década do século 21 estamos tendo o “revival” dos anos 80. Nos anos 80 lembro que a galera cultuava muita coisa que tinha sido moda nos 60, e por aí vai. Há aqueles, como eu, que consumiram a pizza “meio 80 meio 90”, vivendo um pouco de cada época. Não posso reclamar, afinal, me lembro dos principais fenômenos de público dos dois períodos: Madonna, Menudo, Balão Mágico, Xuxa, Silvio Santos (esse veio dos 70, mas ta aí até hoje), Rock in Rio (infelizmente não fui, porque era muito jovem), New Wave (a moda), Blitz (a banda), Guns and Rose, New Kids on the block, Titãs, Paralamas, Legião Urbana, Cazuza, Plano Cruzado I e II, Confisco do dinheiro pelo Collor, Volta do Fusca e novo fim do fusca, Karatê Kid, acessórios e roupas da O.P., Genius, He-Man, Backstreet Boys, AIDS, camisinha, Exterminador do Futuro I e II (os melhores), Ayrton Sena, Vinil e CD Player, VHS, Nirvana, Sandy e Junior aos domingos (sim, eu assistia) e mais um monte de representantes das duas décadas, que qualquer um com acesso à internet pode encontrar facilmente em questão de minutos, em vários sites diferentes. Claro que fiz uma tremenda salada, mas quem for mais atento conseguirá reconhecer o que pertence a qual época. Ou não.

Se eu pudesse ou tivesse que escolher, voltaria aos anos 80, sem dúvida. Menos violência nas ruas, mais passeios, mesmo com pouco dinheiro, mais alegria nas pessoas, um resto de inocência ainda respingando pelas janelas, enquanto a moçada ensaiava uma nova rebeldia para os anos seguintes. É, ser criança nos começo dos anos 80 era muito legal. Como deve ter sido legal ser criança no início dos anos 70, 60 e 50. Daí pra trás não sei se foi bom para as crianças, porque os conceitos de liberdade e responsabilidade eram outros. As pessoas eram impelidas a assumir responsabilidades sérias bem mais cedo. Por outro lado, com a maior parte da população brasileira vivendo em zonas rurais, a infância era com certeza mais saudável.

Esperem só, lá para 2014 o início do “revival” dos anos 90. Tentei pensar em algumas coisas que provavelmente voltarão a fazer sucesso, mas achei melhor não arriscar. Deixo esse tipo de previsão para gente mais gabaritada, como o Walter Mercado e a Mãe Diná.

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