terça-feira, 29 de abril de 2008

Vem aí mais um feriado

Vem aí mais um “feriadão” do dia do trabalho. E já circula há muitos anos aquela piada: “ninguém trabalha no dia do trabalho”. Piadas à parte tem gente que trabalha todos os dias, seja feriado, dia “santo”, luto oficial etc. Claro que a maioria descansa, muitos emendam a quinta com a sexta (principalmente quem trabalha no setor industrial) e outros não estão nem aí se é feriado ou não. Me enquadro nesse último grupo atualmente.

Há ainda outro grupo, daqueles que comemoram à moda sindicalista o feriado de 1º de maio. Vão aos shows, vestem as camisas com publicidade do sindicato, do partido ou da empresa, participam ativamente dos eventos em qualquer lugar que estejam. Antigamente eu não entendia como é que esse povo tinha ânimo pra passar um dia todo de agitação e festa e ir trabalhar no dia seguinte, quando calhava de ser dia útil da semana. Depois comecei a prestar atenção e percebi que, quando o 1º de maio cai na quarta-feira, o governo “joga” ou pra sexta ou pra segunda. Quando cai de terça ou quinta o povão emenda mesmo (quem trabalha no comércio geralmente não pode fazer isso).

Eu adorava emendar feriado quando era estudante. Não via a hora de chegar um feriado e já ia combinando com a galera o que iríamos fazer, jogar bola, jogar banco imobiliário, passear de bicicleta pela cidade, ir atrás de umas “gatinhas” (na adolescência)... Mas desde que fiquei adulto tenho tido outra idéia a respeito dos feriados. Hoje em dia acho que há excesso de feriados no Brasil. Durante o período que trabalhei como autônomo em Salvador chegava a detestar alguns feriados, porque tinha a nítida impressão que isso travava o ritmo de tudo. A gente mal começava a engatar a segunda marcha depois do Reveilon e logo vinha o carnaval ou algum feriado regional para brecar o ritmo. 2004 mesmo foi um ano que posso descrever como “sincopado”, tal qual um samba de breque com muitos breques.

Se eu estivesse lendo o que acabei de escrever, na época que era adolescente, pensaria com certeza: “Que cara chato! Tinha que ter é mais feriado”. Ah, os tempos de juventude sem compromissos...

Tenho uma amiga proprietária de escola de informática que odeia mesmo os feriados. E de uns tempos pra cá ela decidiu não emendar mais nada. Se o feriado cai terça ou quinta, a empresa dela funciona normalmente na segunda ou sexta. Como a escola oferece também serviço de cyber café, sempre aparecem clientes. Certa vez ela comentou comigo: “- Imagine aí se num mês tivermos três feriados, um em cada semana e que possa ser emendado... No final do mês vou ter que tirar dinheiro do meu bolso pra pagar os funcionários, porque não vou ter tido lucro”. Pois é, novamente temos o exemplo da relatividade das coisas. O que uns adoram e aguardam ansiosamente pode ser o pesadelo de outros. Ao longo da vida nosso ângulo de visão vai mudando.

Aproveitando o assunto feriados, confesso que nunca entendi o 21 de abril direito. Na escola ensinaram que Tiradentes foi um mártir, herói, blá blá blá. Depois que saí da escola e comecei a conhecer a história pra valer, aquela que não está nos livros didáticos, não vi mais motivo para tanto alarde com essa coisa de inconfidência. Pegaram o José Joaquim da Silva Xavier pra bode expiatório, esquartejaram o sujeito e fizeram charque dele (com muito sal grosso) pra enviar os pedaços para outras cidades, e no fim das contas todos os outros traidores acabaram numa boa. Tremenda sacanagem com o pobre dentista. A data mais coerente para feriado seria 22 de abril, em comemoração ao “descobrimento” do Brasil (assim mesmo, com aspas). Percebi que tem um monte de gente que pensa como eu, mas esse não é o tipo de assunto que deva preocupar os deputados e senadores. Digo não deve com a esperança que eles tenham realmente coisas bem mais importantes para se preocupar em discutir e votar. Aliás, aproveito para recomendar a quem tiver um tempinho, visite o site da Câmara dos Deputados (http://www2.camara.gov.br) e dê uma olhada nos projetos de lei apresentados pelos parlamentares. Há coisas bem interessantes e outras nem tão interessantes, depende do ponto de vista. Tempos atrás me cadastrei para acompanhar a votação de um projeto de lei e tenho recebido e-mails sobre o andamento da proposta, algo que é ótimo para quem quer acompanhar os rumos que os políticos estão dando ou querem dar para seus eleitores.

Mas prepare também um chazinho de erva cidreira, pois sua reação pode ser mais indignada do que espera.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante como começa falando de um simples feriado, passando pela história de José Joaquim da Silva Xavier e vem parar nos projetos de lei apresentados pelos parlamentares. Apesar de ser estudante de Direito (é até uma vergonha o que vou falar), mas eu nem sabia que existe a possibilidade de acompanhar por e-mail o andamento de algum projeto. O que eu já sabia é a paciência que devemos ter diante de muitos dos projetos que lá estão. Realmente há grandes motivos para indignação.

Mas voltando ao assunto "feriado", concordo com você ao dizer que "O que uns adoram e aguardam ansiosamente pode ser o pesadelo de outros". Pelo menos eu me enquadro nos que "adoram", devido a vida corrida, aproveito os feriados para me aprofundar nos estudos.

Agradecida pela contribuição de suas palavras. :D