terça-feira, 8 de abril de 2008

Que trânsito é esse?

Durante os anos que morei em Salvador, eu pensava com freqüência que o trânsito de lá era complicado, muita gente não sinalizava para entrar à esquerda ou à direita, às vezes não sinalizavam para entrar numa vaga ou sair dela. Via muita “barbeiragem” nas ruas de lá, sobretudo nas mais estreitas, fora das áreas de grande movimento.

Outro detalhe, este mais pitoresco, é que os baianos (em particular os soteropolitanos) utilizam bastante a buzina. Pra falar a verdade, eles adoram buzinar, buzinam pra tudo, pra pedir passagem, pra não dar passagem, pra cumprimentar, pra xingar, pra comemorar a vitória do time... Quando cheguei a Salvador, me disseram que havia uma lenda explicando esse fenômeno: todo baiano nasce com uma buzina e são separados na maternidade, aí o sujeito passa a vida buzinando alucinadamente pra ver se encontra sua parte perdida.

Mas o que eu queria era fazer um paralelo com Recife, capital de Pernambuco. Se Salvador tem um trânsito complicado, Recife tem um trânsito de enlouquecer! Tenho visto, em apenas 9 meses aqui, motoristas sinalizando para um lado e virando para o outro, entrando e saindo de vagas de forma inusitada, assustando o motorista que vem logo atrás, e sem sinalizar, motorista vindo pela direita numa via de três faixas e de repente atravessando lá para a esquerda, para entrar com tudo numa rua transversal, motoristas fechando outros apenas para aproveitar uma brecha na esquina e não ficar atrás do outro... Na estrada então tem sido uma aventura, porque o que mais vejo são os veículos trafegando pela faixa da esquerda, quando a pista é dupla, ao invés de ficarem na direita e deixarem os outros ultrapassarem de forma normal. Dia desses estava indo com um amigo para o interior e topamos com uma Kombi entupindo a faixa esquerda da pista. Meu amigo encostou, pedindo passagem, depois sinalizou com os faróis e finalmente só lhe restou buzinar durante uns 2 minutos, até que o irresponsável da Kombi foi para o lado direito, dando passagem. Para piorar, a tal Kombi pertencia a um órgão municipal de uma cidade aqui da região, portanto com mais obrigação de conhecer as normas de trânsito que os motoristas “comuns”, pois para dirigir esses carros o funcionário tem que ter experiência, ser profissional (pelo menos na teoria).

Não sei se é consolo, mas tenho percebido que os Recifenses não buzinam tanto quanto os baianos. Talvez fosse melhor que buzinassem mais e cometessem menos barbeiragens na condução.

O que fazer para melhorar a situação do trânsito por aqui? Não tenho certeza, mas acredito que algumas atitudes trariam grandes melhoras, como por exemplo: fiscalização real e eficiente nas vias de maior movimento; mais atenção para o estado das vias, que estão cheias de buracos e com péssima drenagem, tornando uma aventura ainda mais perigosa dirigir com chuva por aqui; mais consciência e educação por parte dos motoristas (essa é difícil); melhoria e ampliação dos sistemas de transporte coletivo, como ônibus e metrô.

Não tenho dúvidas que há dezenas de engenheiros e técnicos de trânsito com muito mais competência que eu para apresentar soluções para esses problemas, mas desconfio, que o que atravanca mesmo o processo todo seja a tal “vontade política”, clichê mais do que batido, mas infelizmente muito válido para explicar porque as coisas aqui no Brasil demoram tanto para melhorar.

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